Diante das possibilidades de acesso à informação que as tecnologias digitais nos trazem, faz-se necessário pensar em novas ideias para a educação. Nesse sentido, a inovação aqui apresentada refere-se a explorar ações educativas, com uso integrado das tecnologias, no processo de ensinar e aprender, para transformar a educação.
Por meio da internet, alunos e professores têm acesso a conteúdos produzidos em diferentes formatos nos diversos campos do conhecimento; têm capacidade de comunicação com outras pessoas com baixo custo; possibilidade de formação de comunidades de aprendizagem e de criação de novos conteúdos, com recursos que tornam as publicações cada vez mais rápidas. Essa é a chamada era da informação, estimulada e movida pela criatividade e inventividade e que requer de todos novas ações de ensino e aprendizagem, uma vez que soluções antigas se apresentam como insuficientes e inadequadas.
A necessidade de inovação na educação vem sendo apresentada por diversos segmentos, despertando o interesse dos educadores, mas também o sentimento de impotência, ora pela falta do conhecimento de uso das tecnologias, ora pelo paradigma organizacional das instituições de ensino. A esses desafios podem se somar outros e, no meio desse cenário, que pode parecer caótico para alguns, para outros é um terreno fértil para ideias inovadoras e superação das dificuldades. Assim surgem experiências exitosas de uso de tecnologias na sala de aula, propostas de ferramentas que podem facilitar o trabalho docente e a autoria dos alunos e metodologias desenvolvidas por professores movidos por um espírito de testar novas possibilidades para envolver e motivar os alunos a aprenderem em seus espaços escolares.
As possibilidades que se abrem com as tecnologias integradas na educação são quase incontáveis. Entre as tendências que hoje se destacam tem-se o uso e a criação de jogos digitais (games), ensino de programação e robótica, metodologias ativas como a sala de aula invertida, ensino híbrido, aplicativos móveis educacionais, mídias e redes sociais e ainda o potencial das tecnologias assistivas e de acessibilidade para inclusão de mais pessoas à educação.
Dentre tantas opções, para inovar na educação primeiramente é preciso acreditar que há caminhos novos a serem percorridos e que conhecer experiências, ferramentas e metodologias é uma forma de se inspirar para implementar ações e transformar as práticas educativas. Toda inovação requer mudança e em muitos casos é necessário quebrar paradigmas. É preciso deixar a crença de que é preciso ser especialista em uma tecnologia para incorporá-la na sala de aula. Compreender que o maior benefício das tecnologias na educação pode ser o de oferecer autoria para os alunos, nativos digitais, imersos nessa era da informação, já é um grande passo.
Nesse novo contexto, a postura do professor também se altera. A ideia de ser um transmissor de informação e aquele que entrega o conteúdo e as respostas não cabe mais nessa lógica e nesse cenário. O professor passa a ser um mediador e de forma alguma se torna menos importante para a educação, pois sua experiência e conhecimento são essenciais para amparar os alunos no processo de construção do conhecimento. As tecnologias não vão substituir os professores e nem mesmo as escolas, mas sim complementar e ampliar as possibilidades para uma educação alinhada às necessidades dos alunos e do mundo contemporâneo.
Parafraseando Nelson Mandela, a educação é a arma mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo. É pela educação que se tem a possibilidade de maximizar o potencial humano, de viabilizar às pessoas capacidade de decisões conscientes, desenvolver competências e habilidades que ajudarão a economia a prosperar e fortalecer a compreensão de que apesar de existirem modos diferentes de pensar, todas as pessoas podem conviver bem. Agora, como diz Raul Seixas, na música Tente outra vez, a mensagem que se registra para cada professor é: “Queira, basta ser sincero e desejar profundo, você será capaz de sacudir o mundo, vai, tente outra vez!”
Cristiane Mendes Netto é professora universitária, doutoranda em ciência da informação (UFMG), mestre em ciência da computação (UFMG). Especialista em educação a distância e em design instrucional para EAD, é idealizadora e organizadora do Seminário Nacional de Tecnologias na Educação (Senated).