O celular pode se tornar uma ferramenta de grande riqueza para o aprendizado. Além de ser um equipamento com que os estudantes lidam diariamente, oferece a possibilidade deles criarem seus próprios aplicativos para uso em sala de aula. A reportagem “Celular no modo escola” mostra que existem plataformas gratuitas e de acesso fácil para ajudar nessas atividades que têm enorme potencial pedagógico.
Confira 4 exemplos de aplicativos desenvolvidos por estudantes do fundamental e do médio
1 – Geografia na palma da mão
Josi Zanette, com mais de doze anos de experiência em sala de aula, estava com dificuldades para motivar uma turma do 9º ano da Escola de Educação Básica Bernardino Sena Campos, da rede estadual de Santa Catarina. Então resolveu recorrer ao equipamento que os alunos mais gostavam de usar – o celular – em favor do aprendizado. E assim começou a surgir o aplicativo Conhecendo a Europa, voltado ao ensino de geografia.
Primeiro passo: a professora criou um documento na nuvem para ser o repositório de conteúdos sobre o tema da aula, a geografia da Europa. Essas informações, postados pelos estudantes, foram usadas como base de dados.
Segundo passo: pesquisou na internet uma ferramenta gratuita para desenvolvimento de aplicativos e encontrou a Fábrica de Aplicativos.
Terceiro passo: aprendeu a usar o programa e mediou a aprendizagem dos alunos, que utilizaram os próprios celulares para o trabalho.
“A proposta do projeto foi minha, mas foram os meninos que criaram o aplicativo. Eu avaliei o conteúdo, mostrei o caminho, a importância das fontes, mas a autoria é deles”, explica.
Confira aqui os desafios e resultados dessa experiência:
2 – Memória dos anos de chumbo
Por meio de uma parceria com o Instituto Vladimir Herzog e o Núcleo Memória, o Colégio I. L. Peretz realizou o Projeto Ditadura na Memória, que consistiu no desenvolvimento de um aplicativo com informações do contexto histórico, político e cultural do período militar no Brasil.
A ideia foi incentivar os jovens do 9º ano do fundamental a exercitar a reflexão, fazer análises críticas. Os conteúdos envolvidos foram multidisciplinares – história, educação artística, geografia e português.
A professora responsável, Melanie Grun, também coordenadora da área de ciências humanas, conta que os alunos estudaram diferentes aspectos do regime militar. A partir daí, desenvolveram 11 aplicativos. Os melhores foram selecionados para compor a versão final.
O Ditadura na Memória está disponível para download no site Fábrica de Aplicativos, plataforma utilizada para o projeto.
3 – De olho na água
Já faz tempo que os estudantes da escola Garriga de Meneses, no Rio de Janeiro, estavam preocupados com a falta de consciência do volume de gasto de água. Em 2013, pensando em um projeto para a feira de ciências, o jovem Victor Capilé teve a ideia de criar um aplicativo para calcular o gasto de água por pessoa, como forma de estimular o uso consciente do recurso. Ele teve ajuda do pai e da tia, que trabalham com tecnologia.
Chamado de Novo Consumo, o app oferece ao usuário a possibilidade de escolher o tipo de gasto (banho, escovar os dentes, beber água) e o tempo de duração da atividade. O programa também tem opções de histórico e de gráficos, para acompanhar a rotina. Na página de curiosidades, há dados sobre o uso de água pelo mundo que são desconhecidos pela população em geral.
A iniciativa deu tão certo que os alunos envolvidos no projeto formaram o Projeto iWater, uma espécie de start up para continuar a aperfeiçoar a ferramenta. Em novembro de 2014, uma campanha de financiamento coletivo arrecadou R$ 1 mil para desenvolverem versões para Android, iOS e Windows Phone e para custear a manutenção de um servidor.
4 – O app da própria escola
O colégio paulistano Dante Alighieri precisava criar um aplicativo institucional. Em vez de buscar no mercado um fornecedor, o Departamento de Tecnologia Educacional chamou os alunos do Núcleo Interdisciplinar de Desenvolvimento (NIDe) para desenvolver o app.
Thales Giriboni e Vitor Martes Sternlicht, ambos do 2º ano do médio, foram os incumbidos da missão, sob orientação e auxílio do professor Daniel Arndt e do analista David Pereira, do próprio Departamento de TE. Os dois já tinham experiência com desenvolvimento de aplicativos. Thales já havia criado uma agenda que cruza as tarefas passadas pelos professores com o calendário de aulas e provas. Vitor fez a programação do Free Walker, aplicativo Android para ajudar idosos em relação aos riscos de quedas.
A professora Valdenice Minatel, coordenadora do DTE, destaca dois aspectos da experiência: o institucional, pois é importante para a escola ter um aplicativo; e o do protagonismo dos alunos. “Nada melhor do que ter a visão de um aluno para desenvolver o aplicativo do colégio”, explica. Vitor concorda: “Os alunos sabem do que realmente precisam. Para mim também foi importante porque aprendi bastante sobre programação”, explicou.
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